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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Bastidores

Linda e intensa como as flores que colorem as estações
espalha suas lágrimas de seda no palco de espinhos
incendeia as almas venenosas que vieram a amaldiçoar
seus pés quase tortos fazem todos se deslumbrar com a tua própria solidão
com a clemência que invade teu corpo e a faz mais bela
como podem dizer que é feliz?
como ousam aplaudir a lástima de uma bailarina?
são pobres de alma e de disfarces sólidos, são fantasmas de cera
os bastidores revelam uma dança nascida da pureza
uma vida de insegurança e de velas apagadas
a bailarina foi amaldiçoada pelos olhos da orgia alheia.

Acompanhada da canção e de um maestro desprovido de alma
vive de espelhos quebrados e sapatilhas manchadas de sangue
com seu sorriso de graça e o teu olhar incolor
ela volta todos os dias ao teatro para alimentar a tua dor.
dizem que é só uma bailarina que encanta os moços do baile
mas na verdade é uma insígnia abençoando o teu corpo, é uma arte.

Ao fim da música chora como se houvesse perdido a vida
e talvez tenha perdido mesmo, onde foi parar a graça?
implora de joelhos para que a deixem dançar eternamente
mas todos querem beber dessa bela inocente
e se aproveitar da maldição que há de quem vive da clemência
esse mundo de mentiras e falsos amores lhe deixa cada vez mais desconsolada
sempre retorna à sua caixa de cristal majestosa e de brilho incondicional
onde a música não tem fim e sua dança é honrosa.
fechem as cortinas e voltem pra suas vidas de selvagens
não existe bailarina que o perdoe o mal feito por meia dúzia de miseráveis.




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